21.11.09

Gun-Gaia-Gun

O que seria de Gaia
sem Gun para retornar
a Gaia tudo que Gaia
insolente faz nascer

O que seria de Gaia
sem Gun que nos faz andar
caminhar rumo ao horizonte
sem olhar pra traz

O que seria de Gaia
se Iku se revoltasse
e não mais participasse
do nascer, crescer, retornar, nascer

Gaia e Gun andam juntos
dando nos a gaia
e o gun
sem ligar pra Iku


Itaborai, 21/11/2009

Gaia-Gun-Gaia

Rio do mundo vivenciado
em suas amargurosas alegrias
ebriadas por multidões apressadas
em embriagar-se mas cousas de Gaia
Gaia que chora a vida
tornada mítica pela racionalidade
que de Gaia tira a espada
que a Gaia devolve a vida Vida pensada e refletida
pelos videntes do inefável culto
que Gun errante e ébrio
do morticínio eclodiu evolução
que rumando ad evolução-tradição
mantém vivo o pántano sombrio
que a sabia Gaia exilou
enquanto nubente da palmeira
que após doar a vida
encantou-se com o mistério de Iku
e licenciado pela coroada
fez da morte surgir perene vida

São Gonçalo, 24/02/2006

19.11.09

Nota Pública do PSB RJ sobre evento no SESC Madureira

Nota Pública

A Executiva Estadual do Partido Socialista Brasileiro do Rio de Janeiro através de sua Secretaria Estadual de Movimento Negro solidariza-se com todos e todas as brasileiras que foram ultrajadas pelo texto do Convite para o evento do SESC Madureira ‘"Consciência Negra": conversando sobre a cultura "Banto"’, que lamentavelmente diz: “... apresentações de danças afro e café servido por mucama, lembrando os áureos tempos coloniais.”.

Compreendemos que muitas instituições brasileiras tem se comprometido com a mudança de paradigmas no trato com a questão da intolerância e preconceito racial no Brasil, entretanto sabemos que esta mudança de paradigmas deve começar por um outro olhar e uma nova leitura da história brasileira.
Entendemos que a política de embranquecimento adotada no final do Império Brasileiro e início da República Brasileira silenciou as contribuições das etnias africanas para a construção da nação brasileira e relegou-as à mera condição de construtores braçais desta nação.

Entendemos que os efeitos nefastos do silenciamento das contribuições africanas em nossa sociedade atual é incomensurável, entendemos também que a conjuntura atual exige grandes e combinados esforços na denúncia do racismo estrutural e na construção de uma nova sociedade brasileira verdadeiramente plural e eqüitativa.

Neste sentido todas as ações que visem ao combate do racismo estrutural e a construção de uma sociedade plural e eqüitativa são bem vindas e louváveis, entretanto a construção de tais ações deve primar pela releitura de nossa história e estar vigilantes para não trazer em seu bojo resquícios do racismo.

Assim sendo, o citado evento peca ao reproduzir festivamente a condição escrava dos negros e negras brasileiras que serviam de mucamas e mucamos nos áureos tempos coloniais. Digno de louvor seria se denunciasse à condição humilhante dos escravizados mucamos e mucamas no lamentável período histórico da escravidão.

Reiteramos que todas as ações que visem a denúncia do racismo estrutural e a construção de uma nova sociedade brasileira verdadeiramente plural e eqüitativa devem ser louvados e advertimos que tais ações deve primar pela releitura de nossa história e estar vigilantes para não trazerem em seu bojo resquícios do racismo que visam combater.

Renovamos também o compromisso histórico do Partido Socialista Brasileiro com a construção de uma sociedade onde a cor da pele não será mais que uma característica de nossa diversidade, com uma sociedade onde não haja espaço para a exploração do homem pelo homem, com a construção da sociedade socialista.

18.11.09

Semana da Consciência Negra

Companheir@s

O Estado Brasileiro construido sobre o sangue de inumeras etnias amarelo-amerindias e negro-africanas finalmente inicia um importante diálogo e reflexão sobre sua história nacional.
Várias prefeituras e unidades federadas tem assumido a divida histórica que temos enquanto nação com segmentos significativos da população brasileira e tem procurado des-silenciar as inumeras vozes historicamente silenciadas na e pela história oficial.
O dia em homenagem ao herói nacional Zumbi dos Palmares é apenas um destes exemplos.
Enfim, sabemos que um dia comemorativo não é o suficiente para o necessário des-silenciamento, entretanto, é o primeiro passo para que Zumbi e muitos outros possam sair da marginalidade histórica e ocuparem seus lugares de direito, ocuparem o espaço memorial destiando aos verdaeiros construtores de nossa identidade e liberdade.
Falta ainda removermos do rol de heróis alguns assassinos e lesa-pátrias (mas, isso é outra história ) ...
Bem, Felicidades a tod@s que LUTARAM E LUTAM por uma NAÇÃO LIVRE, PLURAL E SOCIALISTA !!!

16.10.09

Políticas Afirmativas: Cotas

Bem, já faz muito tempo que alguns companheiros vem me pedindo para emitir minha opinião sobre a implementação das políticas de reserva de vagas para o ensino superior.
Não quero aqui apresentar minha opinião, ou tentar construir uma verdade sobre o assunto. Antes, quero francamente usar este espaço para juntos verificarmos os argumentos contrários e favoráveis a temática e assim quem sabe construirmos novos argumentos/questionamentos.
Saudações Socialistas

Retornando

Aviso aos navegantes que estou retornando
a escrever neste espaço
Grato aos que lerem e comentarem

7.4.09

Semana Santa

Saudações a todos e todas

Que possamos neste final de semana,

que cristãos das mais diferentes confissões

se unem para celebrarem

o Suplício e Morte do Mestre Nazareno

pensar no seu maior ensinamento:

"Que amemos o próximo como a nós mesmos"

Que possamos refletir

nas guerras, perseguições, torturas

que assolam a humanidade

mas, principalmente

pensarmos nas causas de tanto sofrimento

e refletirmos se é mesmo necessário

que a fé digo a intolerância

continue nos separando?

Será que não podemos contruir

uma sociedade tolerante e pacífica?

Um mundo de paz e justiça

é possível?

Enfim, que possamos simplesmente

Refletir que o Mestre Nazareno

só morreu por causa da intolerância ...

12.2.09

Religiosidade

Religiosidade


A religiosidade que professo
Não é mero e fútil objeto
De concílios ditos supremos
Em questões de prática e fé


A religiosidade que ensino
É fruto da prática cotidiana
Aprendida na tenra infância
Que os anos fazem distantes


A religiosidade que vivencio
Não é letra que assassina
Antes espírito vivificador
Que a todos cura a dor


A religiosidade que prego
É o saber dos mais antigos
Que comunga na esperança
De um mundo novo de justiça


Esta afamada religiosidade
Não disputada pelos catedráticos
É levante pelo bem comum
Instauração do reino divino


Fábio Borges
São Gonçalo, 06/12/1999

10.2.09

"O ônibus 174: Sandro Nascimento vitima ou algoz?


Trabalho elaborado sob supervisão da Professora Doutora Maria do Carmo, da disciplina Tópicos Especiais em História Medieval 3, do Departamento de História, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, pelo graduando Fábio Borges.
Rio de janeiro, 20 de junho de 2008.



O presente trabalho foi elaborado a partir da leitura do artigo “Da violência, ou como se livrar dela. A propósito do seqüestro de um ônibus no Rio de Janeiro” do Professor Doutor Marc-Henri Piault.


Neste o Professor Marc-Henri faz uma leitura do seqüestro do ônibus da linha 174 pelo jovem Sandro Nascimento ocorrido na cidade do Rio de Janeiro em 12 de junho de 2000, com o fim trágico da morte da jovem Geisa Firma Gonçalves e do jovem Sandro Nascimento.


Texto indagador e provocativo questiona as implicações que antecederam a ocorrência e as implicações dela resultantes. Ressaltando para reflexão deste trabalho as asseverações de várias testemunhas-refens de que o Sandro Nascimento era uma vitima da sociedade.


O que de fato estas testemunhas-refens perceberam quando estavam no limiar da morte que as levaram a refutar a cômoda defesa do Sandro Nascimento como um bandido perigoso e cruel e as levaram a defendê-lo a revelia da opinião majoritária da época.




Antecedentes
A defesa intransigente destas testemunhas-refens me fez pensar um pouco nos antecedentes, na vida pregressa do Sandro Nascimento. O que levou este jovem a seqüestrar um ônibus na zona sul da cidade do Rio de Janeiro.


Nos dias que sucederam a ocorrência descobriu-se que o jovem Sandro Nascimento então com vinte e um anos de idade, era um sobrevivente da tragédia ocorrida na cidade do Rio de Janeiro no ano de 1993, conhecida como o Massacre da Candelária.


Podemos ponderar que o Estado Brasileiro não garantiu ao infante Sandro Nascimento quando do abandono por seu pai o disposto no Artigo 5 (Direitos Individuais) que no caso de infantes se realiza pelo disposto nos Artigo 227 e 229 da Constituição Federal e na Lei 8.069 de 13/07/90, não tipificou seu pai no disposto nos Artigo 244 (Abandono material) e Artigo 246 (Abandono intelectual) do Código Penal e muito menos garantiu a sua mãe o disposto no Subtítulo 3 do Código Civil (Dos Alimentos).


Pode-se ponderar que inúmeras mães e infantes das classes menos favorecidas passam pela mesma situação, entretanto, o que se deve considerar é a ausência de assistência por parte do Estado Brasileiro a estas mães, não deveria o Estado garantir assistência gratuita a estas mães de forma a garantir que elas e seus filhos tenham garantidos seus Direitos Constitucionais?


Senão bastasse o abandono por seu pai por volta dos seis anos de idade o infante Sandro assistiu o assassinato de sua mãe e movido pelo medo fugiu do lugar que residia (não me ficou claro se a mãe de Sandro de fato morreu quando este tinha seis anos ou se lhe pareceu que ela morreu, já que o texto afirma que ele procurou sua família por vinte anos, ha encontrando residindo perto de sua casa).


Observado o disposto no Artigo 248 do Código Penal e concluído que a continuidade de residência do infante Sandro no mesmo local do assassinato de sua mãe ou no caso desta ainda viva de alguma forma ter contribuído para o juízo do menor que o levou a fuga, deveria o Estado Basileiro conforme disposto na seção III do Código Civil providenciar a extinção/suspensão do Poder Familiar e providenciar a tutela do infante pelo Estado Brasileiro conforme disposto no Artigo 36 do Estatuto da criança e do Adolescente (ECA) de forma a providenciar família substituta (conforme disposto nos Artigos 28 a 32 do ECA) que lhe garantisse seus Direitos Fundamentais.


A omissão do Estado Brasileiro expôs o infante Sandro ao abuso de incapazes ( Artigo 173 do Código Penal) e a moradia nas ruas da cidade do Rio de Janeiro. não podemos saber se o infante Sandro sofreu de alguma forma influência de algum adulto ou se a partir da convivência com outros infantes é que ele começou a praticar delitos.


O que se pode afirmar é que independentemente das influências a moradia nas ruas de qualquer cidade conduz por motivo de sobrevivência os infantes moradores das ruas a cometerem furtos (Artigo 155 do Código Civil), furtos qualificados (Artigo 155 - IV do Código Civil) e roubos (Artigo 157 do Código Civil), a experiência com as drogas não se pode supor a partir da luta pela sobrevivência, antes constata se como sempre presente e comum entre infantes e adolescentes moradores de rua o seu uso, que para alguns serve como entorpecedor-aliviador das agruras desta vida marginal.


A sociedade brasileira na sua totalidade fecha os olhos para não perceber a omissão do Estado Brasileiro frente a realidade do constante e crescente número de infantes e adolescentes que vivem nas ruas, ao invés de questionar a omissão do Estado Brasileiro prefere culpar os próprios infantes e adolescentes que seriam rebeldes sem causa que preferem as ruas ao aconchego de um lar, ou culpam as famílias que negligentes não fazem controle familiar e mais permitem que suas crianças invadam as ruas e ponham em risco os homens de bem.


Olhos cerrados para a desigualdade social e outros fatores que produzem estes menores, a sociedade passa a cobrar do Estado Brasileiro uma política de repressão que encarcere estes delinqüentes juvenis, a despeito de se exigir que o Estado Brasileiro cumprisse sua obrigação constitucional de providenciar famílias substitutas que acolhessem estes infantes e lhes proporcionasse um lar, uma família.




O Massacre da Candelária

O presente trabalho não se destina a analisar o extermínio de oito infantes e a tentativa de extermínio de mais de setenta infantes que dormiam na porta da Igreja da Candelária, o que interessa deste evento são as implicações psicológicas que o evento produziu no adolescente Sandro e novamente a omissão do Estado Brasileiro que mais uma vez teve a oportunidade de lhe garantir uma nova possibilidade de vida. Não quero afirmar que o convívio familiar por si só garante que infantes quando adultos não enveredarão pelo crime, o que pretendo discutir é que o infante Sandro foi abandonado pelo Estado Brasileiro a conhecer apenas esta possibilidade de vida, a vida marginal.


No episódio da Igreja da Candelária, o infante Sandro, sofrerá provavelmente não a primeira, mas a mais contundente repressão e intervenção do Estado Brasileiro sobre sua vida, diferente das prováveis vezes anteriores agora o Estado Brasileiro na figura da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro não fará a costumeira detenção e envio de menores infratores para o Juizado da Infância e Adolescência, a Policia Militar chega no local durante a madrugada e acordada os menores sob cerrado poderio bélico.


O infante Sandro sobrevive talvez por não estar na primeira fileira alvejada e provavelmente por sua condição fisica que lhe possibilitou a fuga rápida. Não podemos saber quais foram as implicações que o conjunto das omissões do Estado e da Sociedade Brasileiras e da tentativa de Exterminio produziram no infante Sandro. O que podemos presumir é que o infante-adolescente Sandro não poderá jamais confiar neste Estado que tentou lhe tirar a vida.


Ser detido e enviado pela Policia Militar para Juizados da Infância e Adolescencia para o infante Sandro é resultado direto de suas ações marginais, ainda que não compreenda quais os motivos que impedem o Estado e a sociedade brasileiras de lhe assistir, sabe que seus pequenos delitos devem ser reprimidos, dái a ter sua vida quase eliminada por aqueles que deveriam defender a integridade fisica de todo e qualquer cidadão, é uma questão que não sabemos como Sandro respondeu.


O que sabemos é que o Estado Brasileiro mais uma vez se omitiu. e o nosso adolescente reaparecerá nas telas de televisão do mundo inteiro no ano de 2000 no episódio que ficou conhecido como "Sequestro do ônibus 174".

A ocorrência


No dia doze de junho de dois mil, um transeunte no bairro do Jardim Botânico liga para a Policia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) e denuncia que um ônibus da linha 174 (Central X Gâvea) está sendo assaltado. A PMERJ atende prontamente cercando o ônibus e tentando invadi-lo, o que não tem sucesso ante ameaça do assaltante. Inicia então o episódio que se encerrará com a morte de uma refen (Geisa Gonçalves) e do assaltante (Sandro Nascimento).


Ressalta no telefonema denunciante o que foi visto pelo transeunte num ônibus em movimento (quiçá estivesse parado no momento que o transeunte olhou para o ônibus) que o levou a julgar que o ônibus estava sendo assaltado/seqüestrado.


Por que o transeunte não concedeu ao Sandro Nascimento o preceito constitucional da livre locomoção em território nacional (Inciso XV do Artigo 5° da Constituição Federal) e da presunção da inocência (Inciso LVII do Artigo 5° da CF), por que não lhe creditou ser um vendedor ambulante ou um pedinte. Quais motivos o levaram a considerar Sandro um marginal, era tão anormal assim a presença do Sandro naquele ônibus?


Dada a ineficiência da PMERJ de reprimir assaltos a ônibus, ocorrência muito comum naquele período e ainda na atualidade, é no mínimo curiosa a rápida e potente resposta dada pela PMERJ que em poucos minutos cerca o ônibus e tenta invadi-lo o que não tem sucesso ante a ameaça do assaltante/seqüestrador.


Se para os passageiros o ônibus da linha 174 estava sendo assaltado, para a PMERJ e toda a população brasileira que acompanhava pela mídia, o ônibus da linha 174 estava sendo seqüestrado.


Dadas a simulação da morte da jovem Janaina Neves com a complacência dos demais passageiros para a simulação, dada a libertação do estudante da PUC- RJ para ir estudar e a decisão de sair do ônibus sem ter atendidas suas reivindicações, o que levou a PMERJ a não considerar que o Sandro Nascimento queria um desfecho tranqüilo para a ocorrência.


Por que a PMERJ não considerou que ao descer do ônibus o Sandro talvez quisesse se render? Por que a PMERJ reagiu a esta ação atirando?


Desrespeitando a Constituição Federal, o Código Civil, o Código Penal e todas as demais leis brasileiras a PMERJ tentou assassinar friamente o Sandro Nascimento.



A equivocada ação policial feriu mortalmente a jovem Geisa Gonçalves que foi conduzida a uma ambulância, o jovem Sandro Nascimento sob alegação de estar ferido e de um suposto desejo popular de linchamento foi posto numa viatura da PMERJ e levado ao Hospital Souza Aguiar.


Se por um lado parece que a PMERJ se preocupa com a vida do Sandro Nascimento ao retirá-lo do local e encaminha-lo ao hospital, fica entretanto a pergunta, se a PMERJ pensava que o jovem Sandro Nascimento estava ferido por que não o conduziu ao hospital em uma ambulância para que fosse atendido durante o trajeto?


Chegando ao hospital já morto, a perícia legal descobrirá que o jovem Sandro Nascimento sequer fora ferido por arma de fogo sendo assassinado por asfixia. O que ocorreu durante o trajeto? Quem asfixiou o jovem Sandro e por quê?


Desrespeitando mais uma vez Nossa Carta Magna e toda a legislação vigente o Estado Brasileiro na figura da PMERJ mais uma vez atentará contra a vida do agora jovem Sandro Nascimento. Será que o jovem Sandro que escapara do massacre da Candelária na hora em que estava sendo asfixiado lembrou-se daquele evento e de sua sorte em fugir e assim salvar sua vida?


Entretanto, desta vez o Sandro Nascimento não terá a oportunidade de escapar ao seu algoz, o Estado Brasileiro que durante vinte e um anos e onze meses lhe negara seus Direitos Fundamentais expressos no Artigo 5° da Constituição Federal e ferindo o expresso no inciso XLVII lhe dará a pena de morte.


Conclusão?


Muito pouco se pode concluir dos episódios e da vida do homem Sandro Nascimento a quem o Estado Nascimento negou a oportunidade de cidadania, a quem o Estado Brasileiro nunca concedeu os Direitos Fundamentais, o direito a defesa e a um julgamento justo.


Muito pouco se pode concluir devido ao fato do Sandro nunca ter sido ouvido, o que leva as muitas considerações, probabilidades e possibilidades de análise e respostas. Tantas lacunas envolvem sua vida que qualquer analise será apenas uma reconstrução imperfeita de seus passos.


Sua vida e morte se querem serviu para que a Sociedade e o Estado Brasileiro repensassem sua forma de ver e perceber a questão dos menores moradores das ruas, para repensar as causas que levam tantos jovens das classes baixas a optarem pela vida marginal.


E principalmente, a morte do Sandro Nascimento não serviu para que a sociedade e o Estado Brasileiro questionassem a visão do menor e do adulto que vive a margem da lei como monstros. O Estado Brasileiro não concebe seus cidadãos criminosos oriundos das classes baixas como cidadãos que devem ser detidos, processados, julgados e se condenados detidos.


A ação da PMERJ as duas vezes que atentou contra a vida de Sandro Nascimento se fundamentou na certeza de estarem definitivamente livrando a sociedade da sua escória e da certeza da impunidade.


Fosse o jovem Sandro Nascimento oriundo de uma família rica que enveredasse pela vida a margem da Lei e talvez ( como todo as conclusões acerca da vida e morte de Sandro são possibilidades envoltas em inúmeros pontos obscuros, o que custar imaginar ...), somente talvez, hoje ele estaria se fosse condenado, preso e aguardando liberdade.









Bibliografia

Constituição Federal
Código Civil
Código Penal
Código do Processo Civil
Código do Processo Penal
Lei de Execuções Penais
Estatuto da Criança e do Adolescente

Meu legado

Minha morte é certa
Lápide mais que garantida
Além vida é duvidoso
Nesta lida que só sofro

Tenho escrito estrofes
Com rima e vida
Que retratam minh’ alma
O meu presente pensar

Quando após a lousa
Lerem meus rabiscos
Saberão que eu tolo
Cria na revolução

Revolução da mente
Processada no votar
Em leis e atos justos
Retrato do coração

Somente espero
Que não os queimem
Antes de lerem
E refletirem comigo...

Fábio Borges
São Gonçalo, 18/12/1999

6.2.09

Pivete (por: Pai Altair T'Ògún

Eu sou o moleque de rua
que vive vagando ao relento,
o meu lar é o meio da rua
e carinhos, só tenho os do vento
frio, batendo em meu rosto
me fazendo tiritar e tremer,
esfriando ainda mais meu corpo
tão jovem, mas já cansado de sofrer.
Eu sou criança prostituída,
às vezes até por um naco de pão.
Eu já sou estuprado pela vida
sem amor, carinho, habitação;
não tenho família, escola, então,
“dou” para alguém, por quê não?
Eu sou pasto dos tarados
lascivos, de mente insana.
Mas, que não diferem dos abastados
que fingem ser gente bacana,
fazendo demagogias, fingindo medidas bruscas,
com isso gastando grana
e se elegendo às minhas custas.
É! E muita gente não vê
e até nem pensa assim.
Mas, veja comigo você:
eles se locupletam em mim.
E isso, também é estupro!
E pra mostrar o que fazer,
formam Comissão ou Grupo
de trabalho, só eu não sei: pra quê?
“...OH! É A COMISSÃO DA CRIANÇA
ABANDONADA E CARENTE!...”

Aí, nos enchem de esperança,
mas só vem é ferro nagente:
aumenta o extermínio e a matança.
Tanto faz, com Código ou Estatuto;
pois pra mim é tudo mesmo só falação.
Mas, o que me deixa mais “puto”
é que se eu não morrer de inanição,
sarampo, verminose ou bexiga,
não escaparei da mão
do malandro, da polícia ou da briga
numa roda de fumo.
Pois isso, no começo me dão,
depois, quando eu me acostumo
é que me torno ladrão
pra poder sustentar o meu vício,
que agora, é coisa cara
e não mais, o “presente” do início.
Vejam só gente, que barra!?
Alguém a quem peço esmola
me acusa de dedo em riste
dizendo que eu cheiro cola,
mas, não sabe da realidade triste:
se eu cheiro cola, “bacana”,
é pra acalmar minha fome.
Mas, isso não é motivo
pra que você me abandone.
E apesar disto tudo, minha gente,
ainda sou muito temido.
Sou sempre culpado, jamais inocente,
sou miniatura de bandido
à margem da sociedade,
acuado como animal ferido.
Então, me embruteço desde tenra idade,
vou me tornando atrevido
e vou devolvendo à sociedade
tudo aquilo que ela me tem impingido.
Quando é que isso vai acabar...?
Fico a pensar e não sei,
pois se com educação eu não posso contar,
muito menos com o cumprimento da lei.
Isto vai é acabar em sangue;
talvez, eu seja o próximo “presunto”.
Vai acontecer, eu já sei: Bang..! Bang..! Bang..!
Aí...! Terminou meu assunto.

Pivete

Autoria: Altair T'Ògún

Glauber Braga cobra parceria na elaboração de projetos para afrodescendentes




O deputado federal Glauber Braga (PSB/RJ), que tem como uma de suas bandeiras a luta pela inclusão social, visitou hoje (4) o ministro da Igualdade Racial, Edson Santos. Na ocasião, o socialista falou de importância de executivo e judiciário trabalharem juntos na elaboração de programas e projetos direcionados, em especial, à população afrodescendente.

O ministro se colocou à disposição para a construção de parcerias que atendam às demandas dessa parcela da população. “Um ponto importante, que cada vez mais precisa ser colocado em discussão, é o Estatuto da Igualdade Racial. Precisamos trabalhar sempre contra o preconceito e pela inclusão”, afirmou.

Assessoria de Imprensa da Liderança do PSB na Câmara

30.1.09

Réplica a um artigo sobre a luta armada

ANOS DE CHUMBO

Por Carlos Eugênio Paz em 25/11/2008

O que quer o jornalista Augusto Nunes quando defende que guerrilheiros que combateram a ditadura militar de direita (e se havia uma ditadura é porque o jogo democrático já havia sido rompido por eles) são iguais e merecem o mesmo tratamento que aqueles que torturaram e assassinaram covardemente presos amarrados e sob a custódia do Estado brasileiro?
E que praticaram isso como estratégia de luta e método sistemático de manutenção do poder.
O que quer Augusto Nunes quando ataca o governo do Lula sob o ponto de vista da direita conservadora, diferenciando-se claramente dos que o criticam construtivamente e fraternalmente, mas reconhecem os imensos avanços do país, finalmente conhecendo o que é governar olhando para o povo e suas necessidades?
O que quer Augusto Nunes quando publica um artigo como este, dado no Jornal do Brasil em 19 de novembro de 2008?
Precisa dizer?
Coisas da Política


As travessuras do jovem combatente
Augusto Nunes
Ele abriu a porta do apartamento ansioso por anunciar a opção que tomara. Encontrou na poltrona da sala o irmão mais velho, esperou que interrompesse a leitura do jornal e, com voz grave, informou: "Fiz uma opção político-ideológica definitiva. Sou marxista-leninista." Desconsertou-se ao ver que a expressão do primogênito exibia a placidez de quem ouvira o caçula avisar que estava de saída para tomar algumas no bar da esquina. Sem nenhum sinal de abalo, o alvo da notícia formidável reagiu com uma interrogação distraída: "Você já leu muita coisa sobre isso?", perguntou. "Li o suficiente", mentiu naquela noite de outubro de 1968 o estudante de 19 anos que, em janeiro, trocara a cidade interiorana pelo Rio.
Até então, o plano era cursar a Faculdade Nacional de Direito, depois o Instituto Rio Branco e, se Deus ajudasse, virar embaixador em Paris. Sempre com voz distraída, o irmão quis saber se aquilo estava de pé. "Não", ofendeu-se o convertido. "O dever de um revolucionário é fazer a revolução." E então soltou a declaração decorada para matar no nascedouro aquele sorriso de Mona Lisa: "Estou disposto a qualquer sacrifício para implantar no Brasil o socialismo. Não tenho dúvidas sobre o que devo fazer na vida."
"Que bom!", retomou a leitura do jornal o irmão. "Tudo o que eu queria era ter 19 anos e nenhuma dúvida. Estou com 25 e cheio delas." Ambos em silêncio, só o caçula escutou o estrondo das interrogações soterrando o poço de certezas inaugurado na manhã daquele dia. A ironia feita de 19 palavras induziu o revolucionário de 19 anos a passar os meses seguintes flagelando-se com perguntas. As respostas o aconselharam, no fim de 1969, a recusar a adesão à luta armada, quase imposta a ovelhas desgarradas por pastores implacáveis. Quem se afastava do rebanho não tinha o direito de proclamar-se dissidente. Tanto os que renunciaram ao combate quanto os que se juntaram à resistência democrática eram, todos, desbundados.
Além da generosidade genuína, além da cólera provocada pela ditadura brutal, sufocante, liberticida, além da pressa em erradicar a tortura, além do inconformismo com um país injusto, também a vigilância ameaçadora dos jovens comandantes engrossou a procissão dos passageiros da utopia que se meteram na travessia da picada do penhasco. Quem começasse a percorrê-la teria de avançar até a chegada – ainda que não houvesse chegada.
Os desbundados de 1968 sofriam condenações morais. Na virada da década, quem tentasse desviar-se do caminho ou propor mudanças de rota estaria exposto aos castigos reservados pelo código penal da luta armada aos traidores, vacilantes ou desertores. Qualquer desses adjetivos justificava a aplicação da pena de morte. Os juízes eram jovens demais, os réus estavam longe da maturidade. Mas os componentes do tribunal agiam com a soberba dos veteranos. Os carrascos, também.
Márcio Leite de Toledo tinha 19 anos quando foi enviado a Cuba pela Aliança Libertadora Nacional para fazer um curso de guerrilha. Ao voltar em 1970, tornou-se um dos cinco integrantes da Coordenação Nacional da ALN. Com 19 anos, lá estava Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz. Em outubro, durante uma reunião clandestina, os generais garotões souberam da morte de Joaquim Câmara Ferreira, que em novembro do ano anterior substituíra o chefe supremo Carlos Marighela, assassinado numa rua de São Paulo. Márcio propôs uma pausa na guerra antes que fossem todos exterminados.
Já desconfiado de Márcio – não era a primeira vez que divergia dos companheiros – Carlos Eugênio convenceu o restante da cúpula de que o dissidente estava prestes a traí-los e entregar à polícia o muito que sabia. Montou o tribunal que aprovou a condenação à morte e ajudou a executar a sentença no fim da tarde de dia 23 de março de 1971, no centro de São Paulo. Antes de sair para o encontro com a morte, o jovem que iria morrer escreveu que "nada o impediria de continuar combatendo". Não imaginava que seria impedido por oito tiros.
O assassino quase sessentão admite que o crime foi um erro, mas não se arrepende do que fez. Na guerra, essas coisas acontecem, explica o justiceiro impiedoso. Depois do crime, ele se tornou muito respeitado pelos companheiros, que o conheciam pelo codinome: Clemente.
"Os inimigos existem"
Sobre o cabo Anselmo, na única vez em que nos vimos ele veio ao ponto com o famigerado delegado Fleury. Como já estava desconfiado e tinha tomado minhas precauções, o tiroteio foi terrível, mas escapamos todos. Estávamos no fusca da Ação Libertadora Nacional - ALN, eu, o Iuri Xavier Pereira, seu irmão Alex de Paula Xavier Pereira e a companheira Célia, que é sobrevivente, mãe de Alina, filha de Luiz Almeida Araújo (Luiz, imão de Amparo, não teve a mesma sorte, é um dos desaparecidos: foi entregue ao delegado pelo cabo Anselmo, assim como Paulo de Tarso Celestino e Eleni Guariba) e pode confirmar tudo. No tiroteio consegui acertar um tiro no delegado. Infelizmente fui incompetente, pois só acertei o nariz do torturador. Não me incomodo em nada com a pessoa do cabo, me incomodo com a ausência do Luiz, com a ausência do Paulo, com as ausências dos irmãos Iuri e Alex.
A lembrança dessa época, para mim, é lembrança de uma luta que não me arrependo de ter travado. Era uma luta armada, era dura, precisamos todos, humanistas que éramos, aviltar nossas entranhas, nosso sentimentos, nossas convicções. E fomos exterminados. Mas nossas idéias não, e faço questão de dizê-lo porque sem elas não seria possível muitas das conquistas de hoje. Estamos no caminho, não chegamos ao sonhado "carnaval da vitória", mas será que haverá necessidade de um carnaval da vitória? Será que a vida não é assim mesmo, feita de pequenas vitórias e grandes derrotas?
Acho admiráveis as pessoas que conseguem pensar até na humanidade das feras. Nada mais humano que as feras. Aliás, gostaria de ser tão compreendido por meus pares, por minha geração, que é linda, mas perdoa mais facilmente os inimigos que compreende os companheiros. Pensemos. Pensemos em quantas vezes nos surpreendemos sendo implacáveis conosco mesmos e magnânimos com os inimigos. Sim, essa categoria existe. Eles, os inimigos, existem. E nos tratam como tal, como inimigos.
Doidivanas aventureiros
Mas nós exercitamos nossas almas, nossas cabeças, a descobrir como sermos superiores a eles, entendendo seus gestos, compreendendo as situações a que estavam submetidos. Vivi o início da luta, quando caminhávamos com flores nas mãos em direção ao poder, sobrevivi (peço que parem de me culpar por isso), e vivi o meio e o fim. Vivi cercado, vivi um "tempo de guerra, um tempo sem sol" (obrigado, Guarnieri), vivi um tempo em que sair nas ruas era tiroteio na certa. Falo de 1969, 1970, 1971, 1972 e 1973. Minha mãe, também militante da ALN, viveu e foi presa em 1974. Foi torturada pelo Fleury, pela sua equipe toda e ainda foi torturada pelo Otávio Ângelo (o Tião da ALN e Molipo, que saiu no seqüestro do cônsul japonês e agora também que ser indenizado) e pelo Telmo (o Churrasquinho de Mãe da ALN, lá do Ceará). Manteve a dignidade. Mantivemos a dignidade.
E outro dia, uma pessoa (de quem não digo o nome, quem leu meus livros sabe que só acuso quem mudou de lado, como o cabo, o José da Silva Tavares e outros) mandou uma mensagem exigindo minha saída de outro grupo, o 40anosde68@yahoo.com.br porque, segundo ela, eu sou um sanguinário. O grupo rejeitou. Tenho sangue em minhas mãos? É claro que tenho. Não era pra lutar? Não era pra fazer uma guerra de guerrilhas? Dá para medir quem estava mais certo? Todos estávamos errados, pois fomos todos derrotados. Perdemos a guerra e perdemos juntos, a menos que alguém tenha chegado ao poder na época, através das armas.
E quem não tem sangue nas mãos, que louve a cada dia que restar de suas vidas, não ter de conviver com isso. Mas não se esqueçam também que o sangue que escorre de minhas mãos escorre das mãos de todos aqueles que um dia escolheram o caminho das armas para libertar um povo. E que defenderam a luta armada, mesmo sem ter dado nenhum tiro porque eu e meus companheiros que estivemos na linha de frente não o fizemos por sermos doidivanas aventureiros. Pegamos em armas e fomos para a linha de frente porque havia a grande parte de uma geração que defendia isso, que pregava isso.
Com honra e orgulho
Então, minha linda geração, é hora de saber que os sonhos que sonhamos juntos eram feitos de generosidade, de beleza, de compartilhamento, de dedicação, de criatividade, de desprendimento, de poesia, mas também de sangue. E se compreendemos e lutamos por aqueles que foram torturados, assassinados, mortos em combate (esses também existiram, é sempre bom lembrar), é bom também aceitar, digerir e respeitar os que estiveram na linha de frente e verteram sangue. E pensar que eles têm feridas, eles sofrem, e têm de conviver com seus atos. E que por esses atos somos todos responsáveis, os que pregamos a luta armada. E que faria muito bem a eles de vez em quando serem lembrados como parte do mesmo sonho e serem compreendidos e aceitos por sua geração, pois afinal de contas eles são iguais aos que morreram, apenas não morreram. Será isso um crime? Será um crime não estar nas estatísticas? Pois vale lembrar que não contamos nunca os sobreviventes.
O cabo Anselmo, independentemente se era infiltrado em 1964 ou se foi depois, é um inimigo. Ele entregou cerca de duas centenas de companheiros nossos à repressão. Companheiros que foram torturados, alguns até a morte. Estou cagando (perdoem-me a palavra chula, mas é que às vezes só assim expressamos nossos sentimentos) para a humanidade dele. Quero saber do Paulo de Tarso Celestino, do Luiz Almeida Araújo, da Eleni Guariba, do Alex, do Iuri, da Lola, da Gastone, do Luiz Afonso, do Aldo Sá Brito (poeta), do Marighella, do Toledo, do Lamarca, da Yara, da Sônia, da Ana Nacinovic e de todos os outros, nossos pares. E se não tomarmos uma posição firme, logo-logo ele será anistiado. Será anistiado antes de mim, se algum dia eu for. Mas como as coisas sempre acabam sendo mais difíceis para mim, estou acostumado. Só gostaria que me perdoassem o desabafo.

Carlos Eugênio – Clemente, com muita honra e orgulho

29.1.09

Nota do Comandante Fidel

O décimo primeiro presidente dos Estados Unidos



Na passada terça-feira, 20 de janeiro de 2009, assumiu a chefia do império Barack Obama como o Presidente número onze dos Estados Unidos, desde o triunfo da Revolução Cubana em janeiro de 1959.

Ninguém poderia duvidar da sinceridade de suas palavras quando afirma que converterá seu país em modelo de liberdade, respeito pelos direitos humanos no mundo e pela independência de outros povos. Sem que isto, é claro, ofenda quase ninguém, salvo os misantropos em qualquer canto do planeta. Já afirmou comodamente que o cárcere e as torturas na Base ilegal de Guantánamo cessariam de imediato, o qual começa a plantar dúvidas nos que rendem culto ao terror como instrumento irrenunciável da política exterior de seu país.

O rosto inteligente e nobre do primeiro presidente negro dos Estados Unidos desde sua fundação há dois séculos e um terço como república independente, tinha-se auto transformado sob a inspiração de Abraham Lincoln e Martin Luther King, até se tornar em símbolo vivente do sonho americano.

Não obstante, apesar de todas as provas suportadas, Obama não tem passado pela principal de todas. O quê fará quando o imenso poder que tomou em suas mãos seja absolutamente inútil para ultrapassar as insolúveis contradições antagônicas do sistema?

Reduzi as Reflexões tal como me propusera para o presente ano, no intuito de não interferir nem estorvar os companheiros do Partido e do Estado nas decisões constantes que devem tomar frente a dificuldades objetivas derivadas da crise econômica mundial. Eu estou bem, mas insisto, nenhum deles deve se sentir comprometido por minhas eventuais Reflexões, minha gravidade ou minha morte.

Revejo os discursos e materiais elaborados por mim ao longo de mais de meio século.

Tive o raro privilégio de observar os acontecimentos durante muito tempo. Recebo informação e medito sossegadamente sobre os acontecimentos. Espero não desfrutar de tal privilégio dentro de quatro anos, quando o primeiro período presidencial de Obama tenha concluído.

Fidel Castro Ruz

22.1.09

O candomblé não precisa de martires

A fé judaica consolidou-se sobre o sangue de milhares de judeus que morreram nos últimos cinco mil anos defendendo o direito de professarem sua fé.

O cristianismo surgiu sobre o martírio de Jesus de Nazaré e de todos os judeus que decidiram aderir a seita dos nazarenos.

As Igrejas Cristãs (indiferentemente da confissão) floresceram sobre o sangue de milhares de cristãos que desejavam expressar e viver sua fé de forma plena, ainda que para faze-lo fosse necessária as divisões que vieram a ocorrer no cristianismo moderno.

A sociedade ocidental que hoje se vangloria da tolerância, liberdade e democracia, precisou de muito sangue até alcançar um nível de tolerância que permitisse a convivência entre os diferentes.

Entretanto, o que vemos em solo brasileiro em relação as religiões de matriz africana, trai o ideal de tolerância, liberdade e democracia.

Vemos a cada dia o recrudescimento do fundamentalismo cristão. Vemos o retorno da intolerância religiosa e a demonização do diferente.

O Deus de Abraão, Isaque e Jacó é chamado e definido de diferentes formas por judeus, muçulmanos e cristãos. Se de fato Deus existe, será que Olodumare não é uma outra forma de se chamar e definir a divindade.

Será que o Deus invocado nas preces e cantidas por caboclos e pretos-velhos não merece respeito?

O sangue negro garantiu a liberdade dos negros e negras brasileiros, sejam eles candomblecistas, umbandistas ou cristãos (católicos, protestantes, batistas, pentecostais, neopentecostais, russelistas ,...), ir e vir, votar, estudar, ter um trabalho assalariado, casar, ... Será preciso derramar mais sangue negro para garantir a liberdade religiosa?

Candomblecistas e umbandistas não precisam de mártires, já cultuam seus heróis, ancestrais, essas, orixás, inkices e voduns.

Precisam sim, de respeito e tolerância para fazê-lo em PAZ. Precisam da ruas, encruzilhadas, rios, pedras, cachoeiras, vento, ar, ...

É mister um clamor de todos e todas que não toleram a violência, que não toleram a intolerância, que prezam pela liberdade e pelo livre-arbítrio em favor do DIREITO DOS NEGROS E NEGRAS BRASILEIROS EXPRESSAREM LIVREMENTE SUA FÉ, SEJA ESTA EM ALA, JESUS, BUDA OU EM OLODUMARE.

ASE!!!

"IGI T'OLÓRUN GBÌN KÒ SÍ ENI TI OLE FÀ A TU. ( A ÁRVORE QUE OLÓRUN PLANTA NUINGUÉM PODE ARRANCAR)"!!!

21.1.09

Sim, nós podemos ...

Sim, nós podemos construir um Rio sem violência, crimes, fome, mendigos, sem-tetos, desempregados, racismo, machismo, ...

Sim, nós podemos construir uma cidade inclusiva para todos e todas que tem alguma necessidade de acessibilidade ...

Sim, nós podemos construir uma cidade que garanta educação pública, gratuita e de qualidade para todas as nossas crianças ...

Sim, nós podemos construir uma cidade onde a pluralidade étnica, pigmentar, religiosa, estética, social, seja motivo de orgulho ...

Sim, nós podemos demolir as barreiras que nos separam e tornam uns mais iguais que outros ...

Sim, nós podemos continuar a sonhar com Zumbi, Dona Zica, Carlos Prestes, dentre outros, com cidades inclusivas e solidárias, onde possamos viver plenamente nossa humanidade.

Sim, nós podemos ser comunistas no século XXI!!!

8.1.09

Do Holocausto ao Terrorismo de Estado

O povo judeu sofreu perseguições e diversas tentativas de extermínio durante vinte séculos, promovidas pelos mais diversos povos cristãos, que não conseguiram atentar para a fraternidade das religiões semitas.

A mais cruel das tentativas de extermínio do povo judeu ocorreu durante a Segunda Guerra, promovida pelos nazistas de diferentes nações européias, episódio conhecido como Holocausto.

As diversas nações no pós-guerra, horrorizados com a tentativa nazista de extermínio dos judeus, decidiram pela criação do Estado Judeu nas terras ancestrais da Palestina.

Salvo as boas intenções das diversas nações, foi negligenciado uma solução para os palestinos que habitavam aquelas terras desde a Diáspora Judaica no inicio da Era Cristã.

Na contramão do bom senso, os judeus egressos das mais diversas nações que decidiram emigrar para a Palestina para construirem uma nova Pátria, abstiveram-se do diálogo fraterno com seus irmão palestinos e fizeram da ocupação militar e do genocidio o mecanismo principal de sua intervenção.

Iniciou-se ali uma nova e sangrenta página da história mundial.

Israel ao longo de sua existência como Estado Moderno, sitiou e isolou os palestinos do resto do mundo. Enquanto desponta entre os países mais desenvolvidos do mundo, os palestinos despontam entre os mais miseráveis.

Enquanto exige de todas as nações o reconhecimento de sua existência e exige o combate a toda e qualquer manifestação anti-semita pelo mundo, segue promovendo o genocidio de um povo que habita o seu território.

Não cabe aqui uma analise dos erros e das ações fundamentalistas palestinas, o que cabe aqui é uma reflexão sobre queal seria o papel do Estado de Israel no mundo moderno. Devido a sua história os judeus deveriam ser um baluarte da defesa da igualdade e auti-determinação de todos os povos.

Se Israel não assumir seu papel de construtor de uma nova ordem mundial, pagará um alto preço. Que o Holocausto Judeu sirva sempre de lembrança da capacidade de atrocidades que os seres humanos podem fazer.

Que o Holocausto Judeu lembre Israel que somos todos humanos ...