Os levantes populares ocorridos no mundo árabe já provocaram a destituição
do ditador tunisiano Zine El Abidine Ben Ali, o fim do regime do presidente
egípcio Hosni Mubarak, a nomeação do novo governo na Jordânia e a promessa
do ditador de tantos anos do Iêmen de abandonar o cargo no fim de seu
mandato. A agência de notícias independente Democracy Now! entrevistou o
professor Noam Chomsky, do Massachusetts Institute of Technology (MIT),
sobre o futuro do Oriente Médio e da política externa dos Estados Unidos da
América do Norte (EUA) na região.
Perguntado pela editora do Democracy Now!, Amy Goodman, sobre os comentários
do presidente Barack Obama a respeito do regime Mubarak, Chomsky disse:
"Obama foi muito cuidadoso de não dizer nada; está fazendo o que os líderes
estadunidenses fazem habitualmente quando um dos ditadores favoritos tem
problemas, tentam apoiá-lo até o final. Se a situação fica insustentável,
mudam de lado".
Amy Goodman: Qual a sua análise sobre o que está ocorrendo e como pode
repercutir no Oriente Médio?
Noam Chomsky: Em primeiro lugar, o que está ocorrendo é espetacular. A
coragem, a determinação e o compromisso dos manifestantes são destacáveis.
Independente dos resultados, estes momentos que, sem dúvida, não vamos
esquecer, seguramente terão consequências futuras: enfrentaram a política
,
tomaram a praça Tahrir e se mantiveram ali apesar dos grupos mafiosos de
Mubarak. O governo organizou esses bandos para tratar de expulsar os
manifestantes ou para gerar uma situação na qual o exército pode argumentar
que teve que intervir para restaurar a ordem e depois, quiçá, instalar algum
governo militar. É muito difícil prever o que vai acontecer. Os EUA estão
seguindo o seu manual costumeiro.
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